Criatividade, aprendizado, comunicação e desenvolvimento cerebral. Essas são algumas das habilidades desenvolvidas em uma tarefa simples do dia a dia, como brincar. Em um cotidiano cada vez mais acelerado e conectado, por vezes, essa prática é substituída pelas telas, e os prejuízos são percebidos, em especial, no desenvolvimento infantil.
“O brincar é tão importante quanto o ar que a criança respira”, resume o pediatra Eduardo Lopes. Segundo o profissional, os primeiros anos de vida são determinantes para o desenvolvimento da criança, e a brincadeira é um dos principais instrumentos para explorar o mundo, entender emoções, aprender habilidades e até mesmo elaborar situações difíceis do cotidiano.
De acordo com Lopes, muitas das etapas de desenvolvimento infantil, como a coordenação motora e a comunicação, podem ser percebidas nas brincadeiras. A forma como uma criança brinca também pode indicar sinais importantes sobre saúde mental.
Para o pediatra, a introdução precoce às telas tem relação direta com o aumento de casos de estresse, déficit de atenção, hiperatividade e depressão infantil. “O tempo livre da criança tem que existir. O que vemos é uma agenda cheia de compromissos, inglês, basquete, reforço escolar, e pouca ou nenhuma oportunidade de brincar de forma livre”, alerta o especialista.
Presença
A professora Morgana Domênica Hattge entende ser importante que as crianças conheçam outras formas de brincar antes de serem introduzidas às telas, com atividades que envolvam imaginação, criatividade, sujeira ou bagunça.
A profissional afirma que permitir que a criança brinque não significa apenas deixá-la com um brinquedo ou distração. Envolve presença, escuta e abertura para o universo infantil.
“Brincar exige que o adulto entre na narrativa da criança, que flutue junto com ela naquela criação simbólica”, explica Morgana. Ela defende os momentos livres na rotina das crianças e afirma que a própria escola deve dar espaço para o brincar. “A escola precisa retomar o lugar do brincar, inclusive nos anos iniciais e finais. Não é só na educação infantil que a brincadeira deve acontecer”, diz.
A profissional defende a atividade como uma prática ível às famílias, que pode estar ligada a ida à pracinha, a um parque ou outro espaço ao ar livre, além de integrar tarefas dos próprios pais, como cozinhar, por exemplo. “Ter um tempo para correr na praça, mexer com farinha na cozinha ou inventar histórias com uma caixa de papelão é mais valioso do que qualquer brinquedo eletrônico”, reforça.
Os benefícios da brincadeira
- Estimula o desenvolvimento cerebral
- Estimula o pensamento criativo
- Ajuda a reduzir a ansiedade, o estresse e a irritabilidade
- Incentiva a independência
- Melhora as habilidades de comunicação
- O aprendizado ocorre de forma lúdica