Valor do arroz retrai 39,4% em um ano

Dívidas no campo

Valor do arroz retrai 39,4% em um ano

Custo de produção supera a receita nos arrozais e produtores acionam bancos e Estado

Valor do arroz retrai 39,4% em um ano
Um dos principais motivos para a redução nos preços é que produção supera a demanda de mercado (foto: Irga)

O setor arrozeiro enfrenta um dos cenários mais adversos dos últimos anos. De acordo com indicadores econômicos do Cepea, os preços pagos aos produtores gaúchos reduziram 39,41% nos últimos 12 meses, retornando a patamares de 2022. A Federação das Associações de Arrozeiros do RS (Federarroz) argumenta que os valores praticados no mercado sequer cobrem os custos de produção e busca ajuda para evitar o endividamento dos agricultores.

Nas últimas semanas a federação intensificou diálogos com instituições financeiras, entidades setoriais e os governos estadual e federal. Uma das principais avaliações sobre o problema é que a demanda interna não acompanhou o aumento de produtividade do cereal. Setor desaquecido, fez com que a indústria da Fronteira Oeste oferecesse apenas entre R$ 60 e R$ 65 por saca, enquanto produtores pedissem pelo menos R$ 70,00.

De acordo com dados da consultoria Safras & Mercado, o país opera com excedente estimado em 14,2 milhões de toneladas, frente a uma demanda anual de 12,2 milhões de toneladas. A projeção de estoques de agem acima de 2 milhões de toneladas (patamar recorde) pressiona negativamente as cotações.

Para a Federarroz, o cenário é agravado por uma conjunção de fatores baixistas: aumento da área cultivada, elevação da produtividade média das lavouras, demanda interna enfraquecida, exportações aquém do esperado e preços internacionais em patamares mais baixos. Todos esses elementos ocorrem simultaneamente e têm levado a uma retração contínua nos preços pagos ao produtor.

Tratativas

Entre as ações em andamento, a Federarroz está em tratativas com Banrisul, Banco do Brasil e Sicredi para viabilizar o escalonamento dos pagamentos dos financiamentos de custeio, buscando oferecer maior margem de fôlego ao produtor e conter a pressão de comercialização nos meses de junho e julho.

De acordo com a federação, o Banrisul já sinalizou positivamente à proposta, e há expectativa de adesão por parte das demais instituições financeiras. “É necessário estancar a queda de preços no mercado. Os valores atualmente praticados inviabilizam a produção e é fundamental criar alternativas para que o produtor não precise vender tanto produto neste momento”, destacou o presidente da entidade, Alexandre Velho.

Na quarta-feira, 4 de junho, ocorreu audiência com o governador Eduardo Leite e o subsecretário da Fazenda, Ricardo Neves. De acordo com a Federarroz, o governo se comprometeu a buscar soluções de curto prazo para mitigar os danos ao setor arrozeiro. Em paralelo, nesta sexta-feira, 6 de junho, ocorre reunião com a Conab e, na próxima semana, mobilização em Brasília.

 

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