A preservação das nascentes garante o abastecimento de água potável em áreas rurais, sobretudo em regiões onde as redes públicas não alcançam. Presente em todo o Rio Grande do Sul, a Emater/RS-Ascar busca desenvolver papel estratégico na educação ambiental e no e técnico a práticas agrícolas que respeitem e preservem os recursos.
Geógrafo e coordenador estadual de Gestão Ambiental da instituição, Gabriel Ludwig Katz, ressalta que muitas famílias rurais dependem diretamente das fontes naturais, como nascentes e olhos d’água para suprir suas necessidades básicas bem como para dessedentação animal e irrigação de plantios. “A proteção de nascentes é vista como uma medida de segurança sanitária, pois contribui para a saúde pública dos agricultores.”
De acordo com Katz, muitas vezes as fontes estão situadas em APPs. Ele enfatiza que as nascentes são protegidas por legislação. “No caso da APP são 50 metros, mas para pequenos agricultores pode ser reduzida para 15 metros”, observa ao destacar o Código Florestal de 2012. “Antes, normas rígidas impediam determinadas intervenções nas áreas de proteção. Com o novo código, foi possível incorporar pequenas alterações que permitem a captação e a condução de água das nascentes, conciliando a proteção ambiental com as necessidades locais.”
Engenheiro agrônomo da Emater, Fernando Luiz Horn, destaca que até pouco tempo atrás muitas propriedades rurais sequer energia elétrica possuíam. Nestes casos, as famílias tinham que transportar a água em baldes e latas para o consumo e higiene pessoal. “Essa realidade reforça a importância histórica e atual da proteção das nascentes, que garante o abastecimento de comunidades rurais.”
Conscientização
A Emater promove orientação e conscientização das famílias rurais sobre técnicas adequadas para a proteção das nascentes. Em 2016, a instituição propôs ao Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema) um roteiro técnico para implantação do sistema de captação de água de nascentes e olhos d’água, que orienta boas práticas e garante o abastecimento seguro.
Entre as recomendações de como se realiza uma proteção de nascentes estão a limpeza cuidadosa da área, a instalação de sistemas de barramento com manilhas e canos que atuam como filtros naturais, além do cercamento do entorno, para evitar a contaminação por animais. Também podem ser construídas tampas para impedir a entrada de luz e contaminantes, prevenindo a proliferação de algas e musgos.
A proteção da nascente não tem o objetivo de reter toda a água, mas a quantidade necessária para o consumo familiar, permitindo que o restante do fluxo siga seu curso natural, beneficiando propriedades vizinhas e o ecossistema local. “A nascente não é só uma fonte. Ela é um sistema que abastece toda uma biodiversidade”, afirma Kartz.