Indicadores de mercado apontam que as margens dos produtores de leite seguem apertadas com aumento nos custos de produção e variação negativa nos valores recebidos pelo litro. O Índice de Insumos para Produção de Leite Cru do RS (ILC), divulgado nesta quarta-feira, encerrou abril com o segundo resultado inflacionário do ano, com alta de 0,86%. Na contramão, indicares do Cepea/Esalq apontam queda de 2,25% no preço pago ao produtor no mesmo período.
Os dados do ILC foram divulgados pela equipe econômica da Farsul. De acordo com o relatório, a alta nos custos foi impulsionada principalmente pelo aumento nos preços de silagem, fertilizantes e energia elétrica. O encarecimento da energia é devido ao reajuste tarifário habitual, já dos fertilizantes se deve à elevação da demanda pelo insumo, visto que o plantio da safra de inverno começou em maio.
O preço dos combustíveis, um fator importante no agregado dos custos do produtor, se mantém estável, mesmo diante do recuo do preço internacional do petróleo (que teve queda de 7,5%). Até o fechamento do relatório, essa queda ainda não havia sido reada ao consumidor final.
No ano, o índice apresenta alta de 2,16%, em consonância com o I, índice também calculado pela Farsul, que aponta a cesta de custos do produtor, e que apresenta alta de 2,33% desde janeiro.O milho teve uma alta de 3,61% desde o início do ano. Como a alimentação é o principal custo para o produtor de leite, o comportamento deste tipo de insumo é bastante relevante para o resultado.
20,5% no acumulado
Nos últimos doze meses, o ILC aponta uma alta de 20,5%. A análise desagregada dos componentes da cesta do índice, revela elevações significativas em todos os principais insumos, com destaque para: fertilizantes (30,3%), silagem (32,1%), concentrado (15,8%), sal mineral (16,8%), combustíveis (8,4%). Com exceção da energia elétrica, todos os insumos apresentaram variações acima das registradas pelo IPCA e pelo IPCA-Alimentos no mesmo período, o que aponta uma defasagem entre a inflação que atinge o produtor e a inflação que atinge o consumidor final.
Para o mês de maio, espera-se uma queda no preço da soja e do milho, o que pode contribuir para diminuir o custo com alimentação animal, uma fatia considerável do custo de produção. Além disso, existe um arrefecimento do dólar e uma desvalorização do petróleo, o que impacta diretamente os custos com fertilizantes e combustíveis. Em um contexto como esse, espera-se uma possível queda no ILC para o mês.
foto envato
Legenda: Condição de mercado frustra produtores, pois época é considerada safra no campo pelo aumento na produção dos animais